O Partido dos Trabalhadores (PT) está dividido em relação ao posicionamento que irá adotar nas eleições de 2010 no Rio Grande do Norte. O histórico discurso afinado do partido só se mantém no que diz respeito à sucessão do presidente Lula, que significa apoio à candidatura da ministra-chefe da Casa Civil Dilma Roussef.A divergência de opiniões tornou-se pública depois da declaração do ex-vereador Fernando Lucena defendendo chapa "puro sangue"do PT para o próximo ano, com o objetivo de preservar os espaços que o partido tem na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal.
O prefeito de Janduís Salomão Gurgel (PT), que tem o apoio de Lucena para concorrer ao governo do Estado, disse ao JH Primeira Edição que não pensou nesta possibilidade, mas ressaltou que o partido precisa ser reestruturado.
"O PT precisa voltar às origens. No momento estamos debilitados para compor chapa cheia, mas aplaudo a iniciativa. Entendo que a atitude não coloca o partido no isolamento, pois é melhor adquirir identidade com os movimentos sociais e com os intelectuais, do que fazer 'certas' composições que não nos fazem crescer", observou.
Salomão Gurgel ressaltou que o PT precisa pensar na reeleição da deputada federal Fátima Bezerra e do deputado estadual Fernando Mineiro, no entanto observa que o partido não deve falar apenas através dos mandatos, "tem que falar com as lideranças e com a militância, da qual estamos muito afastados. nossos aliados no âmbito estadual estão desperdiçando o potencial que o partido tem. Hoje temos um papel coadjuvante que não reflete a relevância partidária que temos na política nacional. Precisamos resgatar nosso papel que é histórico no RN", enfatizou.
Para o prefeito de Janduís, o debate sobre os nomes é uma questão que será feita dentro do partido. "Saber se lançaremos chapa puro sangue ou não será consequência desse debate, mas essa tomada de posição não nos isolaria, basta olhar para nossa história. O PT nasceu sozinho, cresceu e se fortaleceu sozinho, se aliando apenas aos partidos de esquerda. Quando nós nos unimos aos partidos de centro só levamos 'chumbo grosso', a começar pela perda de vagas na Câmara Municipal de Natal, resultado de uma aliança mal feita", disse Salomão Gurgel.
Indefinição
A deputada federal Fátima Bezerra (PT) ressaltou que o PT não tem posição definida no plano estadual, porque o debate interno ainda não foi iniciado, mas que o partido pode encabeçar a disputa estadual. "Vamos aguardar o debate, mas eu vou defender a orientação em nível nacional e colaborar com a vitória da sucessão do presidente Lula. Nesse sentido, é oportuno que a gente possa manter a coligaçao sem descuidar do interesse nacional e do local, onde temos total condição de manter e ampliar mandatos. Vamos nos preparar para discutir uma chapa majoritária e o PT tem bons nomes", observou.
Matéria publicada no JH Primeira Edição, de 30 de abril de 2009
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